segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Metalmorphose - Resenha - Máquina dos Sentidos + Show em SP




Manifesto, São Paulo, 07/10/12


(Por João Ricardo Lima)

http://colunademusica.wordpress.com/2012/10/11/metalmorphose-maquina-dos-sentidos/

Noite de domingo, num fim de semana de eleições, Choque-Rei e Clássico Vovô aqui, “El Clásico” no futebol espanhol e Derby della Madonnina em Milão. A galera do heavy metal faz fila na porta do Manifesto Bar, reduto metálico escondido no Itaim Bibi, bairro que tem um dos metros quadrados mais caros de São Paulo. Dá-lhe camiseta preta de banda, algumas cabeleiras que fariam Puyol (capitão do Barcelona) se sentir careca, jaquetas jeans cheias de patches, bottons e até lenços no pescoço, num visual que parece saído dos divertidos video-clips de metal e hard rock dos anos 80… Tudo bem. E que tribo não se produz para ir pra balada? Aliás, um amigo meu de faculdade dizia que Sampa leva super a sério esse lance de tribo.
Os fãs das três atrações da noite – a banda paulista Centúrias, o quinteto carioca Metalmorphose e o grupo paraense Stress – fazem questão de nadar contra a corrente.  O pessoal do Centúrias, banda que estreou em meados dos anos 80 na coletânea “SP Metal” (Baratos Afins), fez uma camiseta com sinais de proibido emo, e proibido “tchus” e “tchas”. As bandas são solidárias, na linha da “união faz a força”. Na véspera, Centúrias, Metalmorphose e Stress (mais o grupo Salário Mínimo) tocaram no Rio de Janeiro… em Realengo! Maratona heavy! O baixista do Metalmorphose, André Bighinzoli, tocou em São Paulo com uma camiseta do Stress – banda pioneira das pioneiras, a primeira a gravar um disco de heavy metal – heavy metal, mesmo – no Brasil. De maneira independente. No Pará. O clássico e raríssimo vinil “Stress”, de 1982.
Vou me deter aqui sobre o Metalmorphose, que está lançando um CD novo, “Máquina dos Sentidos”. O agora quinteto carioca também está perto dos trinta anos. Os caras começaram praticamente na adolescência. Mais ou menos na época do primeiro Rock in Rio, dividiram um LP com o trio carioca Dorsal Atlântica, o clássico “Ultimatum”, relançado em CD e vinil há poucos anos (ainda disponível). No finalzinho dos anos 2000, o Metalmorphose se reuniu, para gravações e shows comemorativos, lançou disco ao vivo no Teatro Odisseia, reuniu gravações dos anos 80 no CD “Maldição” e… voltou com tudo, de vez.
O disco novo, “Máquina dos Sentidos”, está muito bom! Bem produzido, é o melhor registro em disco do grupo carioca. Heavy metal pesado, rápido, longe de ser death metal, mas com pitadas de speed, thrash e power metal. Metal pesado brasileiro (bem) cantado em português, com um vocalista acima da média do metal independente nacional (Tavinho Godoy, um fã de Ian Gillan). Letras sob problemas do cotidiano. O baixista André Bighinzoli (com um bigode em homenagem a Geezer Butler?) e o seu xará da bateria, André Delacroix, fazem mais do que segurar o ritmo, são protagonistas também. A atual formação da banda tem duas boas guitarras gêmeas, cortesia de PP Cavalcante e Leon Manssur, que solam bastante sem encher o saco.
Quase todo o disco novo foi mostrado no Manifesto Bar neste domingo de outubro. “Jamais Desista” (dedicada ao cantor do Stress, Roosevelt Bala), “Máquina dos Sentidos”, “Metrópole”, “Máscara” … tem até uma “power ballad”, “Passados Incompletos”, que o vocalista Tavinho definiu como uma “heavy música de amor”. Entre várias faixas REC – essas são para ouvir, gravar, baixar, compartilhar – destaco “No Topo do Mundo“. Espetacular.
Taí “Máquina dos Sentidos”, do Metalmorphose. Ótimo heavy metal brasileiro. Indicado para quem gosta de Maiden, Metallica, Sabbath, Purple, Priest, Lizzy, Viper etc.
Ainda sobre o show de domingo, a galera do Manifesto vibrou muuuito com duas antigas da banda carioca: “A Minha Droga é o Metal” (lançada no CD “Maldição”) e “Cavaleiro Negro”, da era “Ultimatum”. Legal.



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