Por: Fernando "Ace" Seabra
"Piratas do..ahn?!..Caribe..?!...nãoooo!!...do Tietê"
Estamos em
tempos de incertezas, onde o que era voltou a ser, e o que é, deixou de
ser! O mp3 matou o Cd, mas revitalizou o Lp, talvez pela necessidade
humana do concreto, da materialidade. O fato é que muita gente vem
comprando, mesmo sem ter aparelho, lps de vinyl; e o povo do "Rock and
Roll Hell", já nem mais espaço tem em suas casas, de tanto lp (risos). O
curioso é que tal hábito, não sei ainda se moda ou resignificação da
realidade, lembra muito o momento em que comecei a formar minha coleção,
há uns 3 séculos atrás...primeiro foi a coletânea, "pau de sebo", como
se falava na época, que reunia um apanhado de sucessos, a principio de
rock, depois de metal. Em seguida, vieram compactos, de 7" ou 12"
(polegadas), para você ouvir somente o que queria. Mas a luz veio
realmente quando pintaram os Lps! Ai, meus caros leitores, a coisa foi
ficando séria! Dos Lps convencionais, partiu-se pros importados, edições
especiais ou limitadas, eps e, of course, "bootlegs", ou seja, discos
piratas! Discos piratas, na época, não era uma reprodução de um álbum
oficial, lançado nas lojas, mas sim registros de shows completos,
compilados, demos ou faixas raras, e o que você pudesse obter que não
fosse fácil de se conseguir! Na maioria das vezes, piratas
vem com fotos erradas, informaçoes truncadas ou até erros na grafia das
faixas - por vezes, comprava muita coisa igual, pelos erros impressos na
capa! Hoje nem ligo, já virou até barato comprar só por ter uma
ilustração diferente (risos)...mas entre o periodo inicial, das
descobertas por compactos, coletâneas, e ia me esquecendo, compilaçoes
feitas por amigos em fitas K7!, e a seriedade na obtenção de material,
que também se profissionalizou, com pirtatões mais belos que muito
lançamento oficial, houve um tempo, nos meados dos anos 80, em que achar
um pirata era mais dificil que respirar no espaço sideral. Nesta época,
ou voce gravava em lojas especializadas, ou juntava sua...ahn ahhah..
"mesada" por meses a fio para tentar ter um...eram tempos de escassez!
Contudo, lá por volta de 1983, em São Paulo, começaram a surgir uma leva
de reproduções de discos independentes de Metal ou vinilizaçoes de
shows, principalmente de bandas independentes que no periodo se
chamava Speed ou Power Metal, designações que não tem nada a ver com o
que se fala atualmente, e cujas bandas, depois, ficariam rotuladas como
Thrash, Death ou Black Metal. Pois bem, voce chegava na loja, ai via,
por exemplo - vou falar do que realmente vivi! -, um Lp "Ride the
lightning" do Metallica, um com capa borrada e outro brilhando como a
luz de milhares de spots. Bem, quando o vendedor falava o preço,
discrepante, também na relação com os discos nacionais, você ficava
sabendo que havia uma versão pirata! Geralmente, vale dizer, tais
materiais tinham péssima qualidade, e por isso muitas bandas me surpreenderam no
momento em que ouvi as versões importadas - inviáveis de serem
adquiridas na época, pois se um disco nacional, vamos por em grana
atual, custava 20 Reais, o importado custava 240, e o boot nacional,
120! E era uma grana prum material horroroso, mono, abafado, vinil cheio
de bolhas...mas que era maravilhoso, por outro lado, pois possibilitava
você ter e mostrar pros amigos, um Lp do
Slayer, Anthrax, Exodus, entre outros. Muitos Lps forama postos nas
lojas, somentes especializadas, mas depois o lance foi parar ate em
algumas loja maiores, com os lps misturados com os lançados pelas
gravadoras da época. Dos Lps que me lembro, e tenho a maioria, posso
citar reproduções "capitão gancho" de discos oficiais do Metallica
("Kill ´em All" e "Ride the Lightning"), Slayer ("Show no Mercy", com
capa tosquissima, mas com uma faixa a mais!), Anthrax ("Fistful of Metal", com duas músicas trocadas, nas versões já com o na época novo
vocalista, Joey Belladona), Grave Digger ("Heavy Metal Breakdown"), Metal Church (1o) e, além destes, registro de show do Exodus ("o melhor do
power metal"....sério, o titulo era este mesmo!!..que tinha uma versao
primaria de ´Creeping Death´, nomeada como ´Die by his Hand´) e, por
fim, o clássico, mais procurado e com melhor acabamento, registro de áudio ao vivo retirado de fita VHS (video), "The 7th Date of Hell", do
então poderoso trio Venom - valendo lembrar, que o grupo pouco tocava
ao vivo, então este material tinha peso triplicado!!

Um fato
interessante era que estes discos não erams versões de
gravadora, lançados oficialmente no Brasil, ou seja, não se estava
fazendo cópia ilegal de um Lp do Restart! Eram materiais independentes e
voltados a um publico especifico e especializado, ou seja, os fãs de
Metal!! Muitos destes discos ou nunca foram lançados ou então foram postos no
mercado oficial anos depois! Tal prática de versão bootleg era
até parecida com a distribuiçao de mp3 entre
amigos, a despeito de serem vendidos, pois você ia ter em casa um material, que
nem era tão fácil assim de ser obtido nos paises de origem das bandas
citadas. Para se ter uma idéia, o nosso Sepultura, teve dois de seus Lps,
"Morbid visions" e o fantástico "Schizophrenia" postos à venda de forma ilegal lá
fora! Aqui no Brasil, o que era comum eram pirtarias de Roberto Carlos
ou o que estivesse vendendo, a principio em fitas e depois, em CD-R. A
prática nacional do bootleg seguiu, descentralizando de Sampa, com
muitos titulos sendo lançados nos anos seguintes, de bandas como Black
Sabbath, Led Zeppelin, Iron Maiden, Pink Floyd, etc, com uma qualidade
que ia do fraco ao péssimo!
Mas, como dito acima, o fã, aquele DIE HARD,
consome o que vier da banda que curte, não se importando muito se o
disco tem mixagem em 7.1 (risos). Eu, pessoalmente, adoro bootleg tosco,
daqueles gravados com gravador - hoje, seria via celular, ipod, etc -,
captando a audiência. No começo dos anos 90 havia uma facilidade na
Itália para o bootleg e muitos tinham um capricho inacreditável tanto na parte
gráfica quanto sonora. O bootleg naquela época, não era uma forma de burlar a
lei, ganhar dinheiro mole ou ludibriar, com materiais de péssima
qualidade os fãs incautos, mas sim uma manobra interessante de se fazer
ter acesso a muita coisa restrita a materiais que
estavam na crista da onda, novidades, ou materiais que nem em sonho você
poderia imaginar - tem coisa dos anos 80 que só fui conhecer há
poucos anos e olha que sempre fui rato de loja!! Enfim, "live...and
die..with the bootlegs on!!"....
10 bootlegs nacionais:
1-VENOM - "The 7th Date of Hell" - live hammersmith odeon 1984 (capa
colorida, contra capa preto e branca ou rosa, com fotos e audio retirado
do homevideo homonimo)
2-SLAYER - "Show no Mercy" (include extra track: ´aggressive perfector´; som mono)
3-METALLICA - "Ride the Lightning" (contracapa preto e branca ou azul piscina; som mono)
4-EXODUS - "O melhor do Power Metal" - ao vivo (shows com kirk hammet, incluindo-se
´die by his hand´, versao original de ´creeping death´; contracapa com
ou sem foto do grupo..procuro esta rsrsrs..)
5-BLACK SABBATH - "Their
satanic majestic Return" - live Providence, USA, 1980 (capa e contra capa
coloridas, em papel semicartonado)
6- KISS - "The Tickler" (show na Suecia, 1983, dentro da turne de divulgaçao
do Lp "lick it up", com vinnie vincent nas guitarras; otima qualidade
para um boot gravado da audiencia!! capa ou vermelha, azul ou preto e
branca, e contracapa sem nada - os dados e fotos vem na frente!!)
7-IRON
MAIDEN - "British Thunder" (coletanea com alguns b-sides, entre o começo da
banda e 1983; capa colorida ou xerox vermelha, em cima de papelao
branco, e contracapas colorida ou preto e branca)
8-METAL CHURCH- "1st
album" (includding bonus track: ´big gun´; capa colorida, contracapa
preto e branca como a original, som estereo)
9-ANTHRAX - "Fistful of Metal" (capa colorida e contracapa preto e branca, como o original; vem
com as musicas ´panic´e ´metal thrashing mad´em versoes cantadas por Joe
belladona, e nao neil turbing, e retiradas do ep `Armed and dangerous´,
ao vivo no estudio)
10-DESTRUCTION/SODOM - Split com "Sentence of Death" e "In the Sign of Evil" reúne dois eps de estréia, capa colorida do primeiro e contracapa preto e branca no segundo.
obs. a ideia deste texto foi frisar o quanto estes discos foram
escola pra futuros colecionadores ou para divulgar grupo ou estilos nao
conhecidos no pais.